Acordei!
O sol entrava vigorosamente pelos buraquinhos da pressiana e embora a preguiça fosse muita sentia uma necessidade enorme de sorrir. Sorrir sozinha. Sorrir sem razão aparente. Sorrir para o mundo.
Levantei-me.
Peguei no telemóvel.
Tinha uma mensagem tua à espera da minha resposta.
"Bom dia princesa. É só para dizer que preciso de te ver e dar-te um sorriso responde assim que acordares", claro que não podia recusar e combinamos no nosso porto de abrigo.
Tomei banho.
Vesti-me com a roupa mais confortável.
Maquilhei-me ligeiramente para disfarçar os rastos das poucas horas de sono.
Perfumei-me e saí apressadamente de casa.
O precurso hoje parecia que era mais longo e não havia meio de chegar até ti, mas era só a minha ansea de te ter a falar mais alto. As pessoas que se cruzaram no meu caminho pareciam levar um ar inocente em cada face feliz, as musicas que passaram na rádio eram musicas animadas, o meu pensamento fugia e tentava perceber que poção mágica é esta que nos faz derreter com simples gestos e pelo simples facto de sentirmo-nos importantes ao ponto de alguem se lembrar de nós no seu amanhecer e de precisar de nos ver ou de precisar estar conosco.
Cheguei.
Estacionei o carro ao lado do teu.
Vi que não estavas lá dentro à minha espera como habitualmente.
Desta vez, e acho que pela primeira vez, não olhei para o espelho retrovisor antes de sair do carro. Fui procurar-te!
Vi acenares-me do meio do areal. Descalcei-me, deixei a mala e o casaco no carro. Segui até ti.
Peguei nas tuas mãos, puxei-te até mim e beijei-te.
Beijo bom. Daqueles ardentes cheios de sorrisinhos marotos pelo meio.
Pensei logo naquilo que tinhas andado a tramar...
Largas-te-me e correste...
Perguntei-te onde ias, respondes-te-me para ir atrás de ti.
"Corre Princesa"
Paras-te!
Parei e apontas para a areia!
Estavamos no meio de um pequenissimo coração mal desenhado por ti.
Ajoelhei-me sem acreditar e confusa.
Sentas-te-te ao meu lado sem nada dizeres e à espera de uma reacção minha.
Não sorria. Não falava. Não chorava. Apenas fiquei estática.
Descaí o rabo até ao areal e sentei-me...
Olhei para ti...
Num gesto de segundos montei-me em cima de ti. Empurrei-te até ficares deitado. E gritei pela primeira vez ao mundo para quem quisesse ouvir A-M-O---T-E, libertei aquele sentimento que nos habituamos a viver somente guardado em nós, aquele que apenas desvendamos entre as paredes da tua casa, aquele que temos obrigatóriamente de esconder e que tratamos de amor.
Debrucei-me sobre ti...
Beijei-te...
Beijei-te...
Beijas-te-me...
Beijas-te-me...
E ficamos ali a olhar para o sol brilhante que nos iluminava.
Foi tão boa a surpresa.
Era uma das coisas que mais lamechas eu achava, que achava que nunca daria valor, que já ninguem fazia ou sentia e hoje mudei de opnião, afinal são as coisas lamechas e tolas que dão sentido ao amor e à cumplicidade.
E agora vou-me embora porque tu me esperas para jantar.
E quem sabe para dormir...
Não és a única razão do meu sorriso, mas és a mais importante.
Beijinho*