Um dia, pedis-te-me que me fosse embora de vez, disseste que não conseguias suportar tudo o que se estava a passar e nao conseguias ultrapassar as nossas diferenças que tocam tanto no nosso grande conflito de gerações. As palavras sairam com um tom tão feroz que me assustou, parecia que tudo não passava de um equivoco, parecia que nunca tinhamos sido importantes um para o outro e no final de contas eu era mais uma peça de prateleira. Calada... Escutava... Não queria acreditar... Fez-me muita confusão... O coração estava apertadinho de receio e surpresa, nao estava a perceber, ainda sou muito ingénua nesse tipo de coisas! O fogo da paixão ficou gelado, por momentos tive odio de mim mesma... Como me conheces sabias que ia reagir assim mas nao esperavas a maneira como te tratei a seguir, pensavas que ia chorar, implorar, fazer uma "birra", escandalizar o momento! Mas nada disso aconteceu! O meu orgulho é bastante maior e virei costas em direcção à porta da rua, parecia ouvi-la muito ao fundo a chamar pelo meu nome, olhava o chão visualizava as minhas pisadas a partir, olhei a televisao e nela passava uma musica que dizia "...E se eu partisse agora/Tu ias atras/Ou esquecias-te de mim...", o monte de cds espalhados no chão e os livros que teimavam em ter titulos como "Abraça-me" estavam a deixar-me numa irritação nunca antes sentida, nunca antes vivida, sentia-me usada, suja e revoltada. Estava disposta mesmo a ir embora avancei dois passos! Logo de seguida senti as tuas mãos em mim, arrepiei-me mas a força de sair era maior e tentei-me libertar sem nunca te olhar nos olhos e nem se quer virar-me para a tua pessoa, mas nao me largavas, pedias-me desculpa. Não conseguiste perceber a minha atitude e tiveste medo do que podia mesmo acontecer caso eu fosse embora, percebi que o sentimento era verdadeiro e que o teu ar feroz e decidido era uma defesa que tu sempre agarras do forte homem de negócios que és longe do campo privado onde eu estou! Directamente puxaste-me até ti. Senti de novo o teu corpo quente a afogar toda a magoa que o meu coração nao chegou a ter, todo o silencio que te dei, todo o odio da minha própria pessoa e toda a irritação que teimava em nao me deixar pensar. Respirei fundo... Virei-me para ti confusa... Encostei a cabeça no teu peito e o teu coração nao enganava. Batia forte e vigorosamente até me por a tremer sem nunca as lágrimas terem tempo para saltar! O tempo não parava e o momento escapou-nos das mãos. Um beijo interrompeu o silencio, trouxe brilho e voltou a por-nos com o nosso mundo aos nossos pés!
Bom fim de semana!
Um beijo com sabor a fruto proibido!